segunda-feira, 23 de março de 2009

JS Odonto na mídia - Folha de Niterói - Edição 690 (15 a 21/11/2008)

DOENÇAS DA BOCA PODEM
PIORAR OUTRAS ENFERMIDADES



Mudança de paradigma na área Odontológica ressalta a Medicina Periodontal - especialização baseada na interação entre Odontologia e Medicina – para sugerir mudança de hábitos em pacientes, médicos e dentistas. A partir desse novo enfoque, o tratamento dentário-gengival passa a ser associado ao tratamento de doenças sistêmicas, aquelas que afetam órgãos ou o corpo em sua totalidade. Pesquisas no mundo todo comprovam que existe uma relação direta entre as infecções bucais e as enfermidades sistêmicas, uma conclusão atual, porém pouco difundida.

"Um diabético descompensado pode agravar ou gerar danos no caso de uma gengivite, do mesmo modo que a inflamação da gengiva pode ser um fator complicador para diabetes", explica o cirurgião dentista niteroiense Jorcelino dos Santos. Isso ocorre porque a boca hospeda mais de 400 tipos de bactérias, desse modo, quando há um crescimento desordenado delas na cavidade bucal, é desenvolvida a periodontite ou doença periodontal, que se caracteriza pela inflamação dos tecidos das gengivas (a gengivite é a mais freqüente de todas), gerando dor, desconforto, mau hálito e perda dentária em adultos.

"O diabético tem um hálito que causa mau cheiro e modifica a microflora da boca, por isso fica mais suscetível a cáries". As bactérias odontológicas são outro exemplo capaz de interferir no bom funcionamento de vasos e artérias, levando à coagulação do sangue, derrame ou infarto.

Gengivite pode até antecipar parto

"Também na gravidez, mesmo não sendo doença, e sim um estado sistêmico em que o organismo está alterado, o mau hálito e/ou inchaço na gengiva pode incorrer em perda de peso do feto e até parto prematuro, mas poucos obstetras estimulam suas pacientes a priorizar as visitas ao dentista no período gestacional", alerta o dentista, explicando que a toxina liberada pelas bactérias da boca da gestante é levada pelo sangue até o bebê.

Estudos da Associação Brasileira de Odontologia (ABO), da qual Jorcelino dos Santos é membro, defendem a presença de cirurgiões dentistas em Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs), tendo em vista a comprovação de que a melhora clínica dos pacientes é acentuada e o tempo de internação diminuído.

Embora não estejam totalmente esclarecidos os mecanismos de ação que ligam as duas doenças, certamente a periodontite deve passar a ser vista não como um fator de risco apenas para a perda dos dentes, mas também para todo o organismo. Ainda não se sabe se as infecções da cavidade oral agravam a manifestação de outras doenças pré-existentes ou o contrário.

Cuide bem de sua boca no Carnaval

Com a proximidade do carnaval, a Associação Brasileira de Odontologia (ABO) chama a atenção para comportamentos que oferecem riscos à saúde bucal e integral do folião. Como a boca é porta de entrada para bactérias e vírus, especialistas aconselham a tomar cuidado com o famoso "beijo de língua". A prática é capaz de transmitir o vírus Epstein-Barr, que causa a mononucleose infecciosa - a "doença do beijo" – caracterizada pelo mal-estar, febre, dor de cabeça e de garganta, aumento de gânglios, ínguas no pescoço e inflamação leve e transitória do fígado (hepatite). Outras doenças também podem ser transmitidas pelo beijo são cárie, tuberculose, hepatite e sífilis. Os especialistas também aconselham boa alimentação e descanso para que o organismo não tenha baixa resistência imunológica.

O sexo oral é outra via expressa para as doenças, principalmente as sexualmente transmissíveis (DSTs). Após essa época do ano, a maior incidência é de condiloma acuminado, conhecido como crista de galo.

O abuso de álcool e de outras drogas também pode ser prejudicial à saúde da boca. O álcool causa descamação mais intensa na mucosa, aumentando o risco de queimadura. O consumo de outros entorpecentes, como lança-perfume, éter e clorofórmio, além de provocarem perda de consciência ou morte, queimam a cavidade bucal, causam sensibilidade dentinária e maior probabilidade de problema periodontal.

Perdendo apenas para a maconha, infelizmente a cocaína é outra substância bastante consumida no carnaval. Além dos problemas já conhecidos, a droga pode causar erosão nos colos serviçais dos dentes, maior formação de cálculos, ressecamento da mucosa da cavidade bucal e maior incidência de descamação gengival.

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